quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

MÁ SORTE...

"MÁ SORTE É TER NASCIDO SEM SABER JOGAR COM AS SOMBRAS"
Nem sei de quem veio esta sabedoria, mas sou guiada por ela sempre que fico desanimada - o que, felizmente, é raro acontecer.
Estou de novo em casa, junto a alguns de meus amados. Os outros viajaram, mas tem deles aqui em cada canto.
Meu menino se recupera bem, depois de mais alguns dias de hospital. Acredito que agora se fortaleceu e logo logo desanda a fazer estripulias no skate. Artur chegou como quem não quer nada, inesperadamente; vive como quem quer tudo, naturalmente pra sua idade; luta pelo que sonha e tem certeza de que vai conquistar - sabiamente.
Nosso Natal foi comemorado lá. Meu marido e filhos levaram os presentes, a ceia, a boa energia de uma família de 'tá junta incondicionalmente. Brindamos, rimos, celebramos a alegria de termos, nesta vida, a chance de viver juntos. Foi lindo nosso Natal!
Recebi a carta de amor mais linda que já foi escrita. Fiquei ainda mais fortalecida e apaixonada - se é que isto é possível. Quero viver feliz com meu par até o último abrir e fechar de olhos, como dona Norma e seu Jorge, dona Neném e seu Elysio - que passaram aqui no dia em que chegamos do hospital pra me conhecer. Lindos demais esses casais. Exemplos de vida e de parceria.
Tê e Lucas - que enfrentaram uma viagem de 9 horas por nós -, Cláudia, Maria, Virgínia, Amélia, Beth, Valéria, Daniel, Fabiano, Cris e todos os amigos que estiveram no hospital conosco levando força, coragem, comidinhas especiais, alegria - cada um foi e é um presente todos os dias.
Daqui a poucas horas começa um novo ano. Como gosto mais de encontros que de despedidas, não considero hoje tão importante quanto amanhã. Um ciclo se fecha, outro se abre. Vou abraçar apertado - como todos os dias - meus anjos queridos que vivem por perto, falar por telefone com os que moram longe, escrever, sentir saudade. Agradecer.
Tenham todos muita paz - sempre!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

NATAL

Tem gente que não gosta de natal. Eu gosto. Muito.
Nossa casa tem um quê de natal o ano todo - trocamos presentes sem nenhum motivo; celebramos a vida; fazemos pelo menos uma das refeições juntos todos os dias; brindamos com os amigos que vira e mexe aparecem,; fazemos declarações de amor diariamente (tem um tal de "te amo infinito" ao que o outro responde "e eu então?" que já virou mantra), cuidamos uns dos outros - cada um do jeito que dá conta, enfim, treinamos bem pro dia 25 de dezembro.
Tenho doces lembranças dessa data. Ainda que entenda a melancolia de alguns, não consigo aceitar que as pessoas contabilizem mais as perdas que os ganhos.
Vejo uns e outros dizendo que vai entrando dezembro ficam tristes. Pensam nos que se foram, em quem 'tá doente, em alguém que não vive um tempo de alegria, e se solidarizam prazeirozamente com a tristeza do outro. Isto mesmo: tem gente que sente prazer em ficar triste.
Ó, sou solidária sim, parceira de todas as horas, mas evito me envolver demais em gente que tá pra baixo. Apóio, dou colo, mas o que o sujeito que tá triste precisa é de ânimo, boas energias, e não de mais um pra empurrá-lo pro buraco.
Li dia desses uma crônica de Martha Medeiros _ MARAVILHOSA MARTHA! - que fala do quanto a tristeza é proibitiva. Claro que não quero forçar barra pra ninguém ficar alegre à força, mas daí a pular pro fundo do poço junto com a pessoa há uma distância grande.
Quando acordo ruim quero ficar quieta, introspectiva, calada. Pra falar a verdade gosto de ficar sozinha até minha alma voltar pro corpo, o que acontece por volta de 10 da manhã. Antes disso sou péssima companhia. Não é mau humor, é precisar de um tempo pra ficha cair de que a noite acabou, só isso.
Respeito o silêncio dos outros no dia a dia, de marido e filhos, além das pessoas que trabalham conosco. Bom dia e só. Depois de um tempo dou conta de conversar sobre coisas boas, pra começar o dia bem.
Aposto que tem gente que vai ler isto aqui e pensar: "nusga, eu já acordo discutindo problemas...".
Claro que uma pessoa dessas, que dorme e acorda pensando em coisas ruins, só pode detestar natal, né não?
Desde o dia 18 nossa casa virou uma via sacra de amigos. Passa um, passa outro e mais outro, e cada um deles fica um tico e ruma pr'outro lugar. Pega uma mensagem dos anjos, sai feliz da vida, traz e leva boas energias.
Tem coisa melhor?
Escolho presentes que vou dar e mais ainda os que quero ganhar. Meus filhos devem até me achar folgada, mas uma folgada alegre. E sou mesmo. Já aviso de antemão que não quero nenhum presente que me dê trabalho de trocar, então que pensem bem. Mereço sim, que se envolvam na escolha do dito cujo.
Ontem fizemos um amigo oculto aqui. Sugestão de Josi, funcionária encantadora. Foi divertida, acolhedora, amorosa nossa brincadeira. Cada presente representava o que um via no outro. Todos foram cuidadosos nas escolhas, e não tenho dúvida de que nossa parceria no trabalho e na vida tem dado certo.
Então...é assim que vejo a vida: uma parceria que pode sempre dar certo, se todos investirem neste presente.
Bom natal! Fiquem em paz!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

CANTA, MARIA!!!

Imaginem 2 irmãs e 3 amigas de Uberlândia em Trancoso. Imaginaram? Pois foi mais ou menos assim:
As irmãs: uma delas espevitada, cachaceira de dar gosto; a outra toda contida, moça séria, por assim dizer.
Foram. Ficaram 10 dias por conta de um hotel pago por quota- daqueles que você paga uma mixaria por mês e reserva pra 4 anos à frente. Então...
Bem acomodadas pelo período reservado, decidiram que ainda não era hora de voltar. Uma delas cantava - e ainda canta - divinamente, e achou por bem propor a um francês, dono de restaurante, noitadas de música ao vivo em troca de comida. O sujeito topou.
A bichinha virou uma cigarra. Cantava o que pedissem os clientes. Se não soubesse a letra inventava, mas ficar sem comer não ficava mesmo, nem ela nem os amigos.
Numa determinada noite aparece um argentino, daqueles de dar água na boca. E deu - na boca de todas elas. Tocava violão com uma competência ímpar.
Vai que o tal violonista pergunta quem sabe cantar uma música qualquer (não sei bem qual, mas isto é o que menos importa). A irmã, contida até então, fala sem pensar "eu sei". Pronto, o drama 'tava formado. Falou mas não tinha cacife pra garantir.
O "poderoso do violão" começa a tocar e ela pra irmã: "Canta, Maria" e Maria nada, só queria chapar o melão, tomar todas, e nada de assumir a responsa.
Assim foi. Não teve jeito e a contida cantou, Deus sabe como.
Nenhuma comeu o argentino. Cantaram, chaparam, viram a lua cheia, ouviram o barulho do mar, dormiram no quadrado de Trancoso e deixaram pra comer argentinos na copa de 2010.
Alguem se habilita a adiantar a ceia?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O HOSPITAL E O ÔNIBUS

Passei 5 dias num hospital como acompanhante de meu filho Artur. O danado deu de tentar espremer um furúnculo que inflamou e partiu logo pr'uma septicemia. Quase tragédia.
Coisa esquisita é esse mundo nosso de hoje, viu? Lembro-me de quando era criança - e nem tanto tempo assim faz - que quando aparecia uma brotoeja a mãe logo providenciava um emplastro feito de farinha que botava o que tivesse de ruim pra fora. Não tinha esta história de antibiótico fortíssimo, outro remédio pro antibiótico não atacar o estômago, outro pra dor, outro pros enjôos do tal remédio forte...
Nada disso. Era o emplastro de um dia pro outro e pronto! Solucionado e eliminado o incômodo.
Pois é; meu menino ficou internado 5 dias por uma causa aparentemente simples que ficou complicada. Já tá quase bom, e o melhor, terminando o tratamento em casa.
Como nada é ruim de todo, nossos dias no hospital tiveram muitos divertimentos.
Deix'eu contar:
Na primeira noite tivemos que ficar no Pronto Atendimento, aguardando vagar um apartamento. Não sei direito, mas as pessoas estão adoecendo demais ou estão passeando nos hospitais.
Gente, parece mentira, mas antes de conseguir internar no Felício Rocho passamos por 4 (quatro, isto mesmo) hospitais - Life Center, Santo Ivo, Vila da Serra e Biocor - e em nenhum tinha uma vaguinha sequer. Vejam que são todos prédios enormes, com sei lá quantos leitos cada, mas nada. Na portaria nos despachavam de cara, sem nem desculpa. E meu menino piorando, apavorado, já imaginando o que conseguiria fazer de proezas no skate com um braço só, já que àquela altura tava tudo arrocheado até acima do cotovelo e a mão dormente.
No primeiro dia - amanhecemos com os olhos da noite anterior - abertos. Tinha uma mulher transplantada no leito ao lado que deu um piripaco e não parava de falar, não sei se revertério por causa do transplante ou se era doideira mesmo. Ela chamava: "Raimundo, ô Raimundo!" e ela mesma respondia: "Lé vô, Maria...". E assim foi até 4 da manhã, quando a chefe da enfermagem resolveu arranjar um socador de alho daqueles de ferro e moer uns comprimidos pra misturar na água e tentar fazê-la beber. Que nada! Cuspiu tudo e ainda pulou da cama.
A solução foi subir as grades da maca, amarrar a doidinha com faixa e dar logo uma injeção "sossega-leão", daquelas que derrubam até elefante.
Enfim, depois de mais de 24 horas conseguimos nos alojar com mais conforto.
Aí as visitas se animaram e deram um super apoio. Toda hora chegava um - às vezes de 3 juntos, e nem víamos a hora passar. Teve tudo quanto foi tipo de assunto naquele quarto, mas dois mereceram destaque.
Um deles de amiga muito querida, que é chamada por todos de Antônia Mimosa. Explico: Ela é de Pitangui, e na cidade natal tem um tal Antônio Mimoso que é o primeiro a chegar em todos os velórios e visitação a doentes. Ela ganhou o mesmo codinome graças à sua atenção e disponibilidade em confortar qualquer um que esteja numa situação pendenga. Adoeceu que seja lá 'tá ela, dando apoio moral. Nas alegrias também a bichinha não falta; comemora, ri, come, conta causos, alegra todo mundo. Eita amiga presente e bacana, viu?
Agora a vez do ônibus - A outra amiga, menina porrêta, deu de contar pra mim, Artur e Pedro sobre um presente que ganhou do namorado: um ÔNIBUS. Isto mesmo que vocês leram, e com um "pequeno" detalhe - era um ônibus personalizado, com o letreiro na lateral pintado mesmo pra ela. A entrada da chácara onde morava ficou pequena pr'um presente tão grande, mas ela bem que devia merecer, já que depois ainda chegou uma torradeira de café do tamanho de um quarto (daquelas de fazenda) e um caiaque.
Agora me digam - por favor, comentem: quem de vocês já ganhou um presente desses ou já viu alguém ganhar? Ela tem a prova, e me prometeu mandar a foto pr'eu publicar aqui.
Sabiamente meu filho alertou prum detalhe: o mais grave não foi ganhar, foi devolver com documento, torradeira, caiaque e tudo.
É de rir ou de chorar?
Minha mãe fala que doido atrai doido. Confesso que tenho certeza, depois desse caso, de que só posso ser doida de pedra pra ter amigas assim.
Tô certa?