Vou encomendar um adesivo assim: "Cuidado ao fazer elogios" e distribuir pra minhas amigas. Vira e mexe alguma passa por situação constrangedora por querer ser muito gentil.
A começar por mim, vejam em que me meti por ser delicada demais: em 1980 uma tia minha se descobriu artista. Inventou de fazer uns quadros de pintura em metal que eram uma breguice só e pra piorar - se é que dava pra ficar pior - pintava só cavalos. A razão eu nunca descobri, já que nem ela nem meu tio nunca foram fazendeiros nem chegados a bichos, mas enfim, penso que ela achou que eram animais bonitos e lá foi, pintando famílias inteiras de equinos.
Eu, menina boa praça, querendo estimular, não parava de admirar. Cada um que chegava pra visitar minha mãe ficava sabendo da habilidade de titia.
Pois tanto elogiei que ganhei um quadro de presente de casamento, mas não era um quadro qualquer não, era praticamente um painel com 4 cavalos siameses - um se enroscava no outro e não dava pra saber que parte era de qual.
Uma tragédia, ainda mais que o pai de meus filhos - meu primeiro marido - me proibiu de deixar o presente à vista de qualquer um, inclusive da dele.
Não tendo o que fazer com tal objeto ofereci a outra tia a peça rara, com a condição de que, se algum dia, a artista viesse me visitar, ia pegar lá e pendurar nem que fosse em meu pescoço, pra não desagradar. A emenda ficou pior que o soneto, porque tão logo recebeu a peça "consignada" tratou logo de desmontar o quadro pra aproveitar a moldura.
Agora fico sabendo de uma grande amiga que está na mesma situação - um quadro também, só que de outro animal...
Melhor fazer que nem Sura, a amiga mais engraçada e espirituosa que tenho. Menina de TFM - tradicional família mineira, importantésima nas Minas Gerais, mudou pro interior quando se casou. O marido não era pessoa muito dada a amizades de alto nível, e ela viu que precisava ficar amiga dos que ele conhecia pra não se sentir muito sozinha. Assim fez. Simpática demais, querendo entrosar na cidade, convidava gente todo fim de semana pra almoços bacanérrimos em sua chácara. Com isto ganhava muitos presentes, cada um mais jeca que o outro.
Sabiamente encontrou a solução: Fez uma parede inteira só pra colocar as baranguices, que nomeou como "parede do descuido". Explico: sabe quando a gente ganha alguma coisa e não sabe o que fazer com ela? Aí quem deu pergunta onde está e a gente responde "Nossa, tava admirando o presente que, por descuido, caiu e quebrou".
Assim, toda e qualquer coisa baranga que ganhava tinha lugar certo, era na parede do descuido. Mais legal ainda foi que teve a idéia de fazer a parede até a metade, então se eram objetos de apoiar - tipo cavalinhos de louça, vasos de flor de plástico, elefante com flores na tromba - tinha lugar pra tudo.
E a "Parede do Descuido" ficou famosa!
E Sura foi homenageada na Câmara de Vereadores da cidade com o título de cidadã honorária...
A começar por mim, vejam em que me meti por ser delicada demais: em 1980 uma tia minha se descobriu artista. Inventou de fazer uns quadros de pintura em metal que eram uma breguice só e pra piorar - se é que dava pra ficar pior - pintava só cavalos. A razão eu nunca descobri, já que nem ela nem meu tio nunca foram fazendeiros nem chegados a bichos, mas enfim, penso que ela achou que eram animais bonitos e lá foi, pintando famílias inteiras de equinos.
Eu, menina boa praça, querendo estimular, não parava de admirar. Cada um que chegava pra visitar minha mãe ficava sabendo da habilidade de titia.
Pois tanto elogiei que ganhei um quadro de presente de casamento, mas não era um quadro qualquer não, era praticamente um painel com 4 cavalos siameses - um se enroscava no outro e não dava pra saber que parte era de qual.
Uma tragédia, ainda mais que o pai de meus filhos - meu primeiro marido - me proibiu de deixar o presente à vista de qualquer um, inclusive da dele.
Não tendo o que fazer com tal objeto ofereci a outra tia a peça rara, com a condição de que, se algum dia, a artista viesse me visitar, ia pegar lá e pendurar nem que fosse em meu pescoço, pra não desagradar. A emenda ficou pior que o soneto, porque tão logo recebeu a peça "consignada" tratou logo de desmontar o quadro pra aproveitar a moldura.
Agora fico sabendo de uma grande amiga que está na mesma situação - um quadro também, só que de outro animal...
Melhor fazer que nem Sura, a amiga mais engraçada e espirituosa que tenho. Menina de TFM - tradicional família mineira, importantésima nas Minas Gerais, mudou pro interior quando se casou. O marido não era pessoa muito dada a amizades de alto nível, e ela viu que precisava ficar amiga dos que ele conhecia pra não se sentir muito sozinha. Assim fez. Simpática demais, querendo entrosar na cidade, convidava gente todo fim de semana pra almoços bacanérrimos em sua chácara. Com isto ganhava muitos presentes, cada um mais jeca que o outro.
Sabiamente encontrou a solução: Fez uma parede inteira só pra colocar as baranguices, que nomeou como "parede do descuido". Explico: sabe quando a gente ganha alguma coisa e não sabe o que fazer com ela? Aí quem deu pergunta onde está e a gente responde "Nossa, tava admirando o presente que, por descuido, caiu e quebrou".
Assim, toda e qualquer coisa baranga que ganhava tinha lugar certo, era na parede do descuido. Mais legal ainda foi que teve a idéia de fazer a parede até a metade, então se eram objetos de apoiar - tipo cavalinhos de louça, vasos de flor de plástico, elefante com flores na tromba - tinha lugar pra tudo.
E a "Parede do Descuido" ficou famosa!
E Sura foi homenageada na Câmara de Vereadores da cidade com o título de cidadã honorária...